De quem é a responsabilidade

Tenho notado, nesses últimos anos, que o esporte catarinense pouco avançou. Já tivemos períodos melhores.
Qual a razão?
Quem são os responsáveis?
Seria importante sabermos essas respostas.
É sabido por todos que a FESPORTE há muito deixou de ser uma fundação para auxiliar na formação e desenvolvimento do esporte catarinense. Tornou-se apenas uma grande empresa que gerencia eventos esportivos, assim como tantas outras existem por aí. Afastou-se da intenção inicial.
Poderia ter papel decisivo, fazendo a grande integração entre Federações, Fundações e Clubes. Se até hoje não o fez, não será agora que fará.
As federações jogam a responsabilidade da formação para os clubes.
Ora,os clubes lutam muito. Conheço suas realidades. A falta de capacidade financeira limita suas atuações. Simples assim. Tristemente assim.
Já as fundações, e aqui vou me aprofundar um pouco, poderiam (deveriam) assumir papel de desenvolvimento do esporte, mas o que se tem visto nesses últimos anos é que os projetos e a continuidade dos trabalho mudam como biruta de aeroporto.
Dizem eles: “Nosso projeto não é ganhar os JASC , é fazer trabalho de base”. Falam isto quando perdem.
No ano seguinte o projeto muda e lá estão eles brigando para ganhar os Jogos. A dita prioridade da base fica prá depois.
Só um tolo não sabe que as duas precisam andar juntas , uma não existe sem a outra.
O que falta é uma política esportiva definida e de continuidade , que mostre de maneira clara a proposta do município em relação ao esporte de alto rendimento. Um discurso diferente para cada edição dos Jogos já encheu, se me permitem a expressão.

A palavra é continuidade. E seriedade.



Pelo fim da Oktoberfest e outras tantas

Polêmica danada aqui em Blumenau : Jogos Abertos aqui no final do ano.
Polêmica em função do precário estado das finanças públicas da cidade, herança recebida da administração anterior diz o atual mandatário.
O esporte é como aquele ponta esquerda antigo de time de futebol: O jogo tá difícil, ele é o primeiro a sair .
Desde sempre escuto a mesma história : Blumenau tem outras prioridades .
É oportuno discutir.
É lógico que os JASC não podem ser considerados prioridade . Seria até um desrespeito com aqueles que passam algum tipo de necessidade.
Mas, seguindo esse pensamento racional , não seria correto também aplicar recursos públicos na OKTOBERFEST, Sommerfest e tantas outras, pra ficar só no campo das festas; não incluo aqui obras de caráter duvidoso, para não falar de cunho eleitoral, enquando todas as ditas ¨prioridades¨ não forem atendidas.
Faço a seguinte aposta e prometo não falar mais nisso: se os recursos utilizados – se esses recursos forem utilizados, só como exemplo, para resolver o grave problema da falta de remédios nas unidades de saúde, ajudar na imediata construção da duplicação da BR 470, finalmente terminar a ponte do Badenfurt ou acabarmos com os moradores de rua, dando-lhes condições dignas de vida, desisto já da idéia. Imediatamente.
Mas antes me mostrem que os recursos utilizados nos JASC vão para essas ou outras mais essenciais.
Bom, essa história eu já conheço. .



Carta Aberta ao Governador do Estado

Senhor Governador

Sabe Vossa Excelência o quanto me é caro o esporte. Na condição de ex-atleta pan-americano e olímpico, mas sem nunca perder o vínculo que me liga a esta atividade , gostaria que considerasse como colaboração o que a seguir exponho, e o faço por sabê-lo sinceramente interessado em gerir da maneira mais produtiva os recursos do Estado.

Santa Catarina é privilegiada em termos de incentivos fiscais, através do FUNDESPORTE, que é o Fundo de Desenvolvimento ao Esporte, que injeta milhões no esporte catarinense a vários anos.
É de supor, então, que a população catarinense foi beneficiada enormemente com esses recursos.

No entanto, o que se percebe é uma absoluta falta de critério na aplicação dos recursos, digo até de alguns absurdos como é o caso do ¨desafio das estrelas¨ no Kart, só para citar um dentre tantos outros, onde alguns milionários vem a Santa Catarina brincar com dinheiro público. Fora os milhões já desperdiçados, que perderam uma excelente oportunidade, tanto no campo prático do incentivo ao esporte, quanto no campo político.

Fortalecer as Federações e sua gestão, melhorar a infraestrutura e incentivar permanentemente o surgimento de novos talentos são exigências de uma ação séria, competente e duradoura.

Se apenas 40% dos recursos do Fundesporte fossem aplicados neste tripé essencial, haveria então uma base sustentável para tornar nosso Estado referência esportiva em todos os níveis.

Posso afirmar, com segurança, que nos próximos 5 anos Santa Catarina teria condições de ser um dos grandes pólos geradores de atletas para as seleções olímpicas, e sediar grandes eventos esportivos. Só para ilustrar o que poderia ser feito com esses recursos , cada uma das três principais competições catarinenses OLESC,JOGUNHOS e JASC poderiam construir e adquirir em cada uma dessas cidades pista de atletismo sintética com seus acessórios, equipamentos para Ginástica Artística, pisos para GRD. tatames para judô, caratê, acessórios para tênis de mesa, aquecimento das piscinas, aparelhos de musculação e muito mais, lembrando V.Sa. que, ou não temos ou na maioria das vêzes em estado precário, fazendo com que nos últimos dois anos do seu governo teríamos 6 cidades extremamente equipadas para sediar competições nacionais e internacionais . Com as já construídas arenas esportivas teríamos um Estado de qualidade no mundo Esportivo.

As Federações Esportivas, atualmente fragilizadas e, sejamos francos, em alguns casos desorganizadas, mas tocadas por grandes abnegados do esporte, poderiam ter sua realidade modificada com injeção de recursos e métodos, tornando-se co- gestoras das competições oficias do Estado, num processo mais ágil e menos burocratizado, subsidiando inclusive nossos clubes, hoje muitos praticamente excluídos do calendário esportivo, acabando com um emaranhado de taxas que hoje vigora, dando condições para os mesmos de apenas investirem em seus atletas e infraestrutura. Recursos bem administrados, aplicados no que realmente conta, evitaria desperdícios, distorções e carência de investimentos. Com muita competência, rendem muito.
A grande prioridade do Fundesporte deve ser a infraestrutura. Não temos equipamentos adequados. As cidades sedes dos eventos oficiais do Estado precisam contar com o respaldo desses recursos , não para pagamento de diárias, hotéis e outros, e sim para obras que ficarão fazendo parte do patrimônio esportivo do Estado. Atualmente, ao término das competições, nada fica para os municípios.

O assunto merece um aprofundamento maior, mas, aqui neste espaço, cabe registrar que Santa Catarina tem todas as condições de ser locomotiva nesta área. Conta com dirigentes e atletas de altíssimo nível. O potencial humano é indiscutível.
Mas, se não for desta vez, Santa Catarina perderá, novamente, o bonde da história.

Um abraço

Marcelo Greuel



Decreto apressado

Decreto apressado
Com a desistência de Joinville e a polêmica criada aqui em Blumenau sobre se devemos ou não sediar os Jogos, vários motivos foram levantados por aqueles que não querem ver por aqui essa competição.
Dentre eles, o mais contundente: “os Jogos Abertos acabaram.” Dita e repetida até por quem dos Jogos nada conhece.

Não, senhores, os Jogos Abertos não acabaram!
Eles, como qualquer outro evento com mais de 50 anos, precisam ser recriados de novos ares. Digo isso porque participei dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, e lá se “decretava” a morte da competição. E olha que era Jogos Olímpicos. Escuto isso aqui há mais de 30 anos. É necessário, sim, fazer uma grande mudança na gestão, que vai desde a mudança de data – é um grave erro de posicionamento esses jogos acontecerem no final de ano, já que se trata de um evento predominantemente público – e coincide com prefeituras e governo do Estado às voltas com despesas de 13 salário e encerramento do calendário escolar, dentre tantas outras dificuldades e quando há eleição, pior ainda ,basta ver o que aconteceu com Joinville . Além é claro de mudanças estruturais e na maneira de pensar, que aqui não cabe detalhar.

É necessário um grande choque de gestão, expressão já cansada, mas necessária, para esse momento dos Jogos. Os Jogos são um bem intangível do Estado, inspirou gerações de jovens , notadamente aqui em Blumenau, cidade tantas vezes campeã. Inspirou sonhos (o meu foi realizadao em Los Angeles, 1984). Inspirou milhares de outros pequenos sonhos. E pode inspirar outros mais. Muitos.
Não decretem o fim dos Jogos. Melhor será, a partir desta edição se aqui for, que seja comemorado o renascimento dos Jogos Abertos de Santa Catarina.



Jogos Abertos em Blumenau 2013

Quase que diariamente sou questionado sobre a oportunidade de Blumenau sediar mais uma vez os JASC, assim como o fez em 1962, 1979, 1990 e 2003.

Respondo.

Participei em três diferentes circunstâncias dos JASC: Como atleta, Presidente da Fundação de Desportos de Blumenau e, como criador e Presidente da CCO , de um dos maiores Jogos de todos os tempos, quando de forma inédita três municípios – Indaial, Timbó e Pomerode -sediaram, concomitantemente, os Jogos Abertos.

Naquela ocasião ganhamos o direito de sediar os jogos vencendo a pretensão de Joinville.

O Fogo Simbólico percorreu todos os municípios do Estado, pela primeira vez, e outras tantas novidades tornaram aqueles jogos inesquecíveis. Blumenau manteve a tradição de sempre fazer bem, fazer melhor.

Eis que surge nova oportunidade. Que venham os Jogos. Serão os melhores de todos os tempos. Nada menos que isto. Para mantê-los, para recuperá-los, para não perdê-los.

Ao trabalho!



Uma lei que precisa ser repensada

Foram anos de espera e finalmente saiu a Lei que salvaria o esporte brasileiro.
Falo da lei de incentivo ao esporte (Lei 11.438/2006).
Uma luta foi travada em frente as câmeras e nos bastidores com o pessoal da cultura, que entendia como concorrência desleal se fosse mantido o projeto como deu entrada na Câmara dos Deputados, nos moldes da Lei Rouanet. Vitória da turma da cultura, com lobby dos artistas e entidades culturais mais fortes que o da área esportiva. E em vez dos 4% dados a cultura, o esporte ficou com 1% . E, para piorar a situação, dentre todas as Pessoas Jurídicas tributadas (PJs), apenas aquelas tributadas com base no lucro real poderiam ser doadoras para projetos esportivos.
Na prática significa que para cada milhão de imposto devido pela empresa teríamos uma dedução de 10 mil reais para o projeto esportivo.
Para melhor entendimento, lembro que apenas uma pequena parcela , ou seja, 9% das empresa são tributadas com base no lucro real – ou algo em torno disso – podem colaborar com tal lei . É pouco . É restritivo. Praticamente, só multinacionais, empresas do setor bancário, automobilístico, de telecomunicações e alguns outros setores podem participar.
Para se ter uma idéia da dificuldade, basta verificar que entre 2007 e 2012 a lei de incentivo aprovou a aplicação de mais de R$ 2,2 bi em projetos, mas foram captados somente R$ 838 milhões.
Tem algo de errado aí. A lei, pelo que parece , foi concebida para financiar apenas grandes projetos . Os de menor porte que fiquem nas mãos das prefeituras!
É preciso, pois, com muita urgência, repensar essa lei. Copa do Mundo e Olímpiadas estão aí. Urge alargar o universo de Pessoas jurídicas para que possam também participar e os recursos cheguem a todos. Aos grandes projetos, sim, mas também aos pequenos espalhados por todo Brasil.



Assunto polêmico: Álcool e Esporte

Prá mim não é um tema polêmico. Tenho uma posição muito bem definida : Sou a favor da bebiba nos estádios e também do patrocínio , tanto em times quanto em eventos esportivos.
Reproduzo comentário do blog de Fábio Kadow, sobre álcool e esporte, assunto também já abordado aqui.

Estudo diz que patrocínio ao esporte não incentiva consumo de álcool.

Um assunto polêmico acaba de ganhar mais um capítulo com um estudo publicado pelo International Journal of Sports Marketing & Sponsorship e realizado pela Cardiff Business School, ambos da Inglaterra. Segundo a pesquisa, os garotos são pouco, ou quase nada, influenciados pela propaganda de bebida alcoólica no esporte, o consumo estaria ligado muito mais ao universo super competitivo do esporte, que a toda hora exige atitudes extremas para as conquistas, do que necessariamente a exposição das marcas e produtos nos uniformes e estádios.

O estudo, uma resposta a proposta da British Medical Association de banir todas as propagandas de bebidas com mais de 10 graus de teor alcoolico do mundo esportivo, foi realizado com adolescentes ingleses de 14 e 15 anos de cinco escolas britânicas diferentes, que participaram de grupos de discussão e 294 deles responderam a questionários.

Fiona Davis, a doutora responsável pelo estudo, afirma que “o consumo de álcool faz parte da cultura do mundo de quem acompanha esporte, como beber após uma partida ou acompanhando uma transmissão pela TV, por isso banir a propaganda não vai ter resultados significativos, a não ser que esse ato seja parte de uma campanha muito maior de conscientização e orientação .” Segundo ela, essa publicidade atual não têm nenhuma influência no consumo das garotas e é mínima nos garotos.



Entrevista TVL em 2012



Alguns textos

Gosto de reproduzir nesse espaço textos de autores que considero importantes para marketing esportivo e dos negócios do esporte. Serve para termos um pouco mais de compreenção a respeito das mudanças que estão ocorrendo nesse mercado no Brasil.



Contrução da marca pelo esporte

Esse texto é do Erich Beting. Na noite desta segunda-feira recebi um e-mail marketing da fabricante de material esportivo Asics. A peça me convidava a preencher um cadastro da empresa para receber mensalmente informações sobre esportes.

Num mundo em que cada vez mais o consumo da informação é segmentado, o e-mail recebido da Asics foi um sinal de que, aos poucos, as marcas têm percebido que o conteúdo assumiu o caráter de elemento fundamental para o fortalecimento de uma relação com o consumidor.

O desenvolvimento tecnológico e a internet alçaram qualquer pessoa à condição de produtor de conteúdo. Com isso, o consumidor dita o que e como ele quer consumir a informação. E, por sua vez, o acesso à notícia em si virou algo comum, disponível e, até certo ponto, banal. Eu não preciso mais do jornal ou da TV para me informar. Eu não preciso chegar até a informação, já que ela vem até mim de diferentes formas.

Só que essa situação, ironicamente, elevou o conteúdo a um patamar fundamental. Na era em que o consumidor escolhe o que quer ler/ver/sentir/ouvir, faz muita diferença apresentar algo que atenda exatamente os desejos daquela pessoa.

Paralelamente, com a produção globalizada de produtos, cada vez mais os preços de marcas concorrentes se assemelham, em todos os segmentos de mercado. A escolha por uma ou outra marca passa, fundamentalmente, pela imagem que a empresa forma na cabeça do consumidor.

E é nesse ponto que voltamos ao tal e-mail da Asics. Quando uma marca se propõe a fornecer um conteúdo para o consumidor daquele tema que é de interesse dele e que tenha relação com a empresa, ela passa a fazer a diferença para ele. Não é mais apenas um bom produto que leva a pessoa a lembrar e consumir uma marca, mas sim a experiência que ela proporciona ao consumidor.

Nesse sentido, o esporte passa a ser um conteúdo de primeiríssima qualidade. O que mais impressiona é que, quando falamos do mercado brasileiro de patrocínio esportivo, poucas marcas perceberam que podem se apropriar do conteúdo que o esporte produz para ser diferente para o consumidor.

Geralmente esse movimento começa com as marcas que trabalham com o fornecimento de artigos esportivos. Vamos ver se ele vai se espalhar para os outros segmentos ou se as marcas continuarão a achar que a exposição de mídia é realmente o grande benefício do investimento no esporte.

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