Os chamados atletas estrangeiros

Os chamados atletas estrangeiros (2008)
Este artigo foi originalmente escrito em 2008, logo após uma reunião do CED, na qual apresentei informalmente uma proposta para debate, depois de acalorada discussão sobre as ditas transferências externas.
Nunca fui de ficar em cima do muro. No esporte tenho idéias claras, contestadas por uns, apoiada por outros. Foi sempre assim.
Entrei na discussão, dando alguns exemplos de “ regulações” de “mercado” no esporte. Citei dois exemplos recentes na época: o vôlei com o ranking de atletas e a F1 com restrições de motores, treinos livres , pneus e de outros esportes, para tornar mais equilibrada a disputa e evitar que o poder econômico ditasse os resultados esportivos.
Não é de hoje que debatemos, todos os anos, a questão da transferência de atletas de fora e de dentro do estado para os Jogos Abertos.
Esta discussão já foi parar inclusive na Assembléia Legislativa. Não há consenso. Nunca haverá. Todos os anos o Conselho Estadual de Desportos se debruça sobre a questão. Muda-se o regulamento aqui, muda-se ali, quase todos os anos o regulamento é mudado.
E daí? Mudam para tudo ficar igual, ou seja, nada melhora.
Em cada edição dos Jogos Abertos há um sentimento generalizado de que as importações de atletas devem acabar. Uns, para justificar a derrota; outros porque estão convencidos de que tiram a oportunidade de participação de atletas locais. E há os demagogos que, do alto de sua falta de conhecimento, apregoam que as importações estão “acabando com o esporte catarinense”.
Primeiro e mais importante: Os Jogos Abertos de Santa Catarina são competições de alto rendimento, que reúnem os melhores atletas do Estado. Do atleta olímpico ao atleta da mais remota cidade do interior.
Este abismo, em vez de desqualificar, qualifica, integra, motiva, faz com que novas gerações de atletas participem e busquem seu espaço.
Segundo: o número de transferências é limitado. Já acontece há mais de 49 anos. Sei bem porque cheguei a um Olimpíada. Tinha os Jogos como referencia. Fiz chegar ao CED proposta mudando este quadro: não podemos simplesmente acabar com isso; a história nos mostra que na maioria dos casos foram benéficas. Desenvolveram as modalidades, projetaram municípios .
Mas o que se vê hoje é uma desigualdade gritante nesta regra. Os maiores municípios em termos de população têm, conforme regulamento, os mesmos números de transferências que os municípios de menor número.
O que acontece de fato: os pequenos servem apenas para constar da tabela, resumidos ao papel de figurantes. É preciso inverter o quadro, dar oportunidade aos pequenos para se desenvolverem, para serem também protagonistas.
Somente 3 municípios catarinenses têm mais de 200 mil habitantes.
217, ou seja, 74% das cidades catarinenses tem menos de 10 mil.
Como uma cidade de 10 mil habitantes pode fazer esporte e participar ativamente do processo?
Ora, limitando as maiores cidades destas transferências e aumentando consideravelmente o número das pequenas. Obrigaria os grandes a efetivamente realizar o dito trabalho de base, hoje mais no discurso político do que na prática, auxiliando – aí sim – no combate às desigualdades sociais, já que os mesmos possuem considerável capacidade financeira e número de crianças a serem atendidas.
E assim propiciar as pequenas a formarem modalidades fortes, algumas, talvez, participando pela primeira vez dos Jogos Abertos, motivando e incentivando a prática esportiva no município, e tudo aquilo que sabemos que só o esporte consegue fazer.
Unindo cidadãos, quebrando barreiras sociais, econômicas, raciais. Num mesmo time, raças diferentes, religiões diferentes, pobres e ricos.
Oportunidades diferentes a cidades diferentes.
Tenho certeza, as cidades e os Jogos Abertos nunca mais serão os mesmos. Todos de fato poderão participar.
Ah, tem mais uma coisa: serem aplaudidos também.

Este artigo foi postado às Segunda-feira, Abril 8th, 2013 em 17:42 incluído nas categorias Uncategorized. Você pode seguir as respostas desse artigo pelo feed RSS 2.0. Você pode deixar um comentário, ou trackback do seu website.

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